Exposição de Sabrina Savani

A exposição individual de Sabrina Savani, Ginga: o drible como uma saída, apresenta uma pesquisa visual que articula memória, identidade negra e cultura popular brasileira como campos indissociáveis da experiência estética. Em um conjunto de obras que atravessa pintura, gravura, colagem, instalação e objeto, a artista constrói um vocabulário visual próprio, onde o gesto cotidiano e os símbolos coletivos são alçados à condição de enunciado político.

Savani parte da materialidade da vida comum — o ingresso do estádio, a chuteira, a manchete de jornal, o tamborim, os pés em deslocamento — para elaborar uma poética do improviso. O improviso, aqui, não é ausência de método, mas sim estratégia histórica de sobrevivência e invenção desenvolvida por sujeitos negros e periféricos em contextos de precariedade estrutural. Há uma inteligência do corpo que se manifesta no drible, na dança, no samba, e que inscreve nos objetos uma memória coletiva marcada pela resistência e pela celebração.

É nesse entrelaçamento entre luta e festa que emerge a noção de ginga — princípio transversal à mostra, compreendido como modo de estar no mundo que desafia o enquadramento normativo e propõe outras formas de existência. A ginga é, ao mesmo tempo, saída e afirmação: corpo que desvia e que impõe presença. Não se trata de um repertório estético decorativo, mas de uma epistemologia em movimento, enraizada na cultura negra brasileira e em seus dispositivos simbólicos.

Cada obra carrega em si um fragmento desse projeto mais amplo: da série de gravuras com bandeiras e apitos que evocam a força simbólica dos estádios e das escolas de samba, às imagens construídas a partir da técnica da colagem e da litogravura, há uma insistência em convocar o olhar para aquilo que, embora constantemente visível, é historicamente invisibilizado. O futebol, a música, a festa, o carnaval — elementos frequentemente apropriados por narrativas hegemônicas — são aqui reapropriados como território de expressão, insubmissão e pertencimento.

Savani não tematiza a experiência negra — ela a vive e a inscreve, com maturidade formal e clareza de discurso. Sua obra não explica, mas convoca. Em meio a composições vibrantes, há silêncio e contenção; em meio à festa, há densidade e crítica. É nessa ambivalência que reside a potência do trabalho.

Ao reunir linguagens, suportes e temporalidades distintas, a exposição propõe não apenas uma leitura da trajetória da artista, mas a afirmação de um lugar de fala que se projeta para além do espaço expositivo. Sabrina Savani se apresenta como uma voz singular em meio à nova geração de artistas brasileiras — uma voz que se constrói a partir da escuta, da coletividade e da permanência.

Vernissage: 24 de abril de 2025
Horário: 18h

Data: 25, 26 de abril e 01, 02 e 03 de maio de 2025
Horário: 16h às 20h
Entrada Gratuita
Local: EXL Galeria
Rua Dr. Shigeo Mori, 2043
Barão Geraldo
Campinas – SP

Ingressos em: sympla.com.br/exlcampinas
www.exl.art.br
@exl.orbi
@exl.urbi

Curadoria e Direção: Leonardo Augusto
Fotografias: Leonardo Augusto e Sabrina Savani
Design: Mateus Fardin