Mariana Perissinoto e Naomi Shida

A exposição reúne as obras de Mariana Perissinotto (2000) e Naomi Shida (1998), artistas cujas práticas exploram a identidade, corpo e memória como terrenos férteis para discutir transformação e subjetividade. Por meio de pintura, bordado, escultura e técnicas mistas, ambas investigam a materialidade do corpo como suporte para narrativas de fragmentação e reconstrução, questionando as dinâmicas entre o eu e o outro e entre forças internas e externas ao eu.

A fragmentação é abordada como uma forma de dissecção da identidade. As artistas questionam as noções de unidade e permanência ao trabalhar a desconstrução do corpo e da autoimagem, revelando como essas partes fragmentadas podem ser reorganizadas para formar uma nova visão de si mesmas. A identidade, portanto, surge como um processo contínuo de composição, em que o sujeito está em constante diálogo com suas diferentes camadas.

A memória, tanto pessoal quanto coletiva, é o ponto de partida para a construção da subjetividade. A forma como nos lembramos de nossas experiências molda nossa percepção de quem somos e das nossas subjetividades. Para ambas, o corpo é um espelho dessas memórias, revelando as complexidades emocionais e as transformações que ocorrem ao longo do tempo. Assim, o corpo se torna um território em constante mudança, onde lembranças e vivências pessoais se inscrevem.

No entanto, a noção de identidade e normalidade não se dá de forma isolada. A sociedade desempenha um papel significativo na construção desses conceitos, definindo padrões de pertencimento e exclusão. A exposição nos faz refletir sobre como as normas sociais moldam a forma como percebemos e nos apresentamos como indivíduos, sugerindo que a identidade é uma construção coletiva e individual, portanto, que pode ser questionada e ressignificada.

Perissinotto e Shida têm entendimentos distintos de identidade, mas ambos giram em torno da autoimagem e da transformação. Enquanto Perissinotto explora a figura feminina por meio de retratos que mesclam memória e subjetividade, Shida aborda o corpo trans como um espaço de reconstrução e reinvenção. Perissinotto utiliza a memória como base para refletir sobre as fragilidades e forças do feminino, enquanto Shida desconstrói suportes materiais, como lona e tecido, para simbolizar a transformação física e emocional de seu corpo trans e territorialidade.

Abertura: 19 de outubro
Horário: 10h às 14h
Visitação: 19 de outubro a 17 de novembro
Onde: Canteiro
Rua Purpurina, 434 – Vila Madalena-SP
Entrada gratuita

Classificação Livre.

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